sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O trânsito que nos transforma - Parte I


Um dos piores cenários no qual somos desafiados a ter equilíbrio é atrás de um volante. Por mais serenos e de bem com a vida que possamos estar, parece que uma força sobrenatural toma conta de nosso humor quando somos desacatados por outro motorista. Subitamente, o nosso bem estar, a nossa alegria ao cantarolar aquela música que toca no rádio se vai, tudo num passe de mágica. Se alguém esbarra com você numa fila de banco, tudo bem, se alguém encosta um carrinho de supermercado no seu, sem problema... mas se te cortam a frente no trânsito, ainda mais sem ligar a luz de seta, parece que uma declaração de guerra acaba de ser assinada. Por mais que você não xingue, por mais que você não saia em perseguição exigindo a desforra, por mais que você não queira dar o troco, pelo menos fica o aborrecimento e a inquietante pergunta: por quê?

Por quê, com tanta facilidade, fazem comigo o que eu não gosto de fazer com os outros? Por quê a educação é tão menosprezada quando se dirige um veículo? Por quê "eles" pensam que têm direito de fazer o que bem entendem, quando há regras tão bem definidas para se comportar no tráfego, ou mesmo para se conseguir uma licença para dirigir, uma carteira de motorista? São tantos porquês, que seria ridículo listá-los aqui. Mas creia, todos surgem na cabeça ao mesmo tempo quando isso acontece comigo. É a pura indignação me atacando.

Tenho algumas teorias sobre o que acontece com as pessoas. Em uma delas, poderia arriscar dizer que as pessoas se sentem como que recorrendo a avatares, quando dirigem seus carros. Assim como lhes é natural assumir uma identidade totalmente diferente da sua, no anonimato, quando está jogando online no computador, numa campanha de World of Warcraft por exemplo, também há como se esconder atrás da película que escurece o vidro do automóvel, para daí por diante, agir livremente por regras diferentes das quais elas seguem quando estão à pé, sendo cordiais com os vizinhos, elogiando o cachorrinho daquele jovem casal, e dando um bom testemunho de cristão. Essa teoria só é furada quando o transgressor age assim, mesmo sabendo que tem aquele adesivo de "peixinho" colado no porta-malas.

Sempre achei que, quando tomo uma atitude no trânsito, estou mandando uma mensagem. Se a atitude é boa, correta, dentro da legislação, a mensagem que transmito é a de que me importo com meu próximo, respeito e coopero com o bom andamento do tráfego. Se a atitude é má, mesquinha, agressiva, a mensagem que passo é a de que tudo o que me importa sou em mesmo, meus horários, minha preferência, ou seja: eu tenho que me dar bem, sempre, a despeito das urgências alheias. Em resumo, quando eu faço uma conversão abrupta e sem sinalizar corretamente, estou querendo dizer "dane-se, você que vem atrás... pra mim, você não existe!"

Eu tenho melhorado muito ao longo dos anos, como motorista, nessa terra inóspita do trânsito nas ruas e rodovias, e tudo por causa da pessoa de Jesus. Não há como afirmar ser discípulo de Cristo sem ser minimamente influenciado por ele, logo, a gente vai aprendendo a negar a si mesmo, a deixar pra lá, a contar até duzentos dez, e assim por diante. Não é nada fácil, se somado a um temperamento explosivo e à sede de que a justiça seja feita em todas as circunstâncias. Ainda falta um longo caminho até que eu possa me ver como um exemplo, nem sei se esse dia chegará, mas estou tentando... ah, Deus sabe o quanto! Enquanto esse dia não chega, vai assistindo aí um desenho de 1950 com o Pateta, mostrando que essa crise não é de hoje.




Tudo de bem, e muita calma nessa hora!



terça-feira, 27 de agosto de 2013

Como um foguete!

O game que estou jogando no momento se chama Dark Void, da Capcom. Tenho um estranho hábito de jogar aqueles títulos dos quais ninguém mais fala, já considerados velhos para a atual geração de videogames. Dark Void foi lançado no início de 2010 para PS3, Xbox 360 e PCs, sendo apresentado como um jogo de ação terrestre e aérea, já que o protagonista tem uma "mochila a jato", que o leva às alturas tanto em alta velocidade como também proporcionando a versatilidade de levitar na vertical, permitindo melhor precisão ao mirar nos alvos. Gostaria de falar sobre esses alvos. Na trama, a Terra está sendo invadida por seres alienígenas com intenções nada amigáveis - de novo - no período anterior à Segunda Guerra Mundial. Estes aliens se revelam como verdadeiras máquinas de combate, tendo formas que variam desde seres humanóides de metal, passando por uma espécie de cobra naja gigante, até quadrúpedes colossais que demandam muito esforço para serem vencidos. Aceitei o fato de que estava enfrentando uma raça de robôs orgânicos, ou algo assim, como os Transformers.

Esse é o ponto interessante: logo no primeiro capítulo da história, somos surpreendidos ao saber que estas não são as formas reais do extraterrestres, estas máquinas são veículos e trajes que pequenos seres reptilianos operam. Essa raça, chamada de Watchers, é frágil e de baixa estatura, mas desenvolveram uma tecnologia superior à terrestre (terráquea?), que facilita a conquista de novos mundos. Eu teria ficado mais surpreso com isso, não fosse eu já ter visto esse conceito nos Daleks de Dr. Who, ou ter assistido o anime Detonator Orgun. O fato é que, no mundo da fantasia e da ficção, sempre esbarramos com o velho ditado "tamanho não é documento", com anões vestindo armaduras gigantescas, ou cérebros vivos de vilões decrépitos controlando armas de destruição em massa.

 Alguém aí lembra do Rocketeer? Eu sempre quis um game baseado no filme desse herói, e já que até hoje não saiu nada à altura pra ele, exceto versões horríveis na saudosa época da geração 8 e 16 bits, acho que Dark Void é uma boa pedida. Até acredito que o fato do título não ter sido "Rocketeer" se deve há algum problema de negociação com a Disney, detentora dos direitos do personagem, cujo filme saiu em 1991. Todo a ambientação da época do personagem está no game: o mistério envolvendo locais inexplorados, como o Triângulo das Bermudas - tema recorrente nos filmes de aventura dos anos 1940 e 1950, a paixão pelos aviões de guerra, as pistolas e metralhadoras sempre à tiracolo, os heróis vestidos como pilotos, sempre usando jaquetas de couro, botas e luvas, e até um lenço no pescoço. Em 2004 tivemos um filme que retratou muito bem essa tendência: "Capitão Sky e o Mundo de Amanhã" tinha um piloto veterano como herói protagonista, enfrentado robôs gigantes e máquinas voadoras a bordo de seu aeroplano transformável: o avião podia mergulhar e operar como submarino! Toda essa cultura dieselpunk/teslapunk pode ser vista tanto ao longo de Capitão Sky, como de Rocketeer ou de Dark Void. Se você gosta desses elementos, não dê ouvidos aos que criticam um filme ou um game por ter recebido notas medianas da crítica, sem ao menos terem dado uma chance. Há muita coisa boa que é lançada em paralelo aos grandes blockbusters do mercado, que acabam ficando à sombra deles e acabam dados como esquecidos.

Eu não poderia deixar de citar, claro, o personagem original que foi o "pai" de Rocketeer e seus clones: The Rocket Man! Surgido em 1949 na série de televisão "King of the Rocketmen", de 12 episódios, o personagem rendeu audiência suficiente para mais 3 temporadas, "Radar Men from the Moon", "Zombies of the Stratosphere" e "Commando Cody, Sky Marshall of the Universe". Títulos bem interessantes, não? Cada temporada tinha um novo ator e personagem principal diferentes, mas o traje de Rocketman era o mesmo, com diferenças bem sutis.
Puxando de algum canto bem obscuro da minha memória, tenho certeza de ter visto um desses episódios ser exibido na Tv Cultura, há muitos - muitos! - anos atrás, com o título de "Homem Foguete". Estava zapeando entre os (seis ou sete) canais da tv, quando vi o herói saindo de uma caverna, carregando uma bomba nas mãos, e decolando rumo à imensidão do céu azul cinza, com efeitos especiais a lá Chapolin Colorado. Muito bom! Mais informações aqui: http://www.dialbforblog.com/archives/122/

Bem, crianças, eu queria mesmo era ter falado sobre os "aliens" que se revelam como algo bem diferente do que a gente pensa que são, bem diferentes do que está à nossa vista, de que não se deve julgar um livro pela capa, nem formar opiniões pré-concebidas sem antes se familiarizar com o adversário... mas me empolguei e falei mesmo do homem-foguete das séries, filmes e games, que são muito mais legais! Outra hora a gente fala de metáforas, ok?
Tudo de bem!

  

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Por quê humanóide?

                                                       
Talvez você possa estranhar o título deste blog. A primeira impressão que ele pode causar, talvez, seja a de estar fazendo alguma referência a alguma obra da ficção científica ou da fantasia. Nestes mundos saídos da imaginação humana, existem um sem número de seres humanóides. Por exemplo, o ciclope, uma criatura mitológica das fábulas, que lembra um homem em quase tudo, exceto por ter apenas um olho no centro do rosto, ao invés de dois. Ele é um ser humanóide. Como outro exemplo, posso citar o monstro de Frankenstein, criado por um cientista que reuniu partes de cadáveres, e após juntar estes órgãos e membros cirurgicamente, usou eletricidade para dar vida à sua bizarra criação. De longe, parece um ser humano, mas em sua triste e trágica imitação da vida, também não o é. Não passa de um ser de forma humana, mas lhe falta muito para que seja humano de fato.

Mas não é exatamente disto que estou tratando aqui. Sabe, lendo os evangelhos de Jesus Cristo, descobrimos que ele, o próprio Cristo, é a imagem do ser humano perfeito idealizado por Deus, desde a criação, como todos deveríamos ter sido. Como o pecado corrompeu o homem ainda lá no Éden, na figura de um Adão desobediente e tentado a ser independente do seu Criador, a obra-prima de Deus teve que penar por um caminho tortuoso para voltar ao que deveria ser. Ao longo da história da humanidade, temos visto o homem marchando em sua trajetória de conquistas e evolução tecnológica, marcada com muito sangue, suor e lágrimas, na expectativa de ser melhor e mais eficiente,  mais forte e mais rápido, dominando e sendo servido, sempre às custas de um semelhante que tombou. O homem ainda quer ser independente de seu Criador, e nesse processo, simplesmente não pode se tornar aquilo que Deus idealizou para que ele seja.

Essa é nossa semelhança com os humanóides supracitados. Fomos idealizados para ser muito mais, mas resistimos a isso. Somos humanos? Por definição, claro que sim! Mas somos os humanos que Deus sonhou que seríamos? Não, em absoluto. Há um abismo de diferenças que nos separam de um humano de verdade, um abismo de diferenças com Jesus. Mas a grande notícia é que, por um amor que está além de nossa compreensão, o Criador nos convida a observar e andar como Cristo andou, tendo-o como modelo e professor. E se assim fizermos, ao longo dessa caminhada, iremos nos humanizando com o caráter de Jesus, o verdadeiro humano, o homem definitivo, e iremos deixando as diferenças para trás. Logo, deixaremos de ser humanóides, e seremos humanos de verdade, humanos como Deus nos projetou para que fôssemos. Isso é deixar de ser um esboço, um mero rascunho, pra ser a obra pronta! Isso só pode ser encontrado naquele que é homem perfeito, mas que também é Deus perfeito, Jesus, o "marco zero" na salvação da humanidade.

Tudo de bem!

sábado, 24 de agosto de 2013

Um certo Simão Pedro e eu


Há muito tempo atrás, li Temperamentos Transformados, de Tim LaHaye. O livro do autor, que é ministro evangélico e conferencista, nos apresenta a complexa psiquê humana resumida a quatro temperamentos distintos: o Colérico, o Sanguíneo, o Fleumático e o Melancólico. Com as avançadas pesquisas na área da psicologia moderna, hoje já é provado que a coisa não funciona tão simples assim. Mesmo que o autor nos apresente mais temperamentos mesclados dentre estes quatro que citei, ainda assim existem fatores importantes a serem explorados, e que revelarão novas facetas em cada indivíduo.
Mas, apesar de tudo, o livro ainda é muito relevante para nos guiar ao auto entendimento básico, na medida que estes quatro temperamentos são capitais na formação do nosso ser. Além disso, me identifiquei com a descrição do que seria o comportamento sanguíneo: comunicativo, destacado e entusiasta. Pelo aspecto negativo, é volúvel, indisciplinado e impulsivo. E, dentre os personagens bíblicos, LaHaye escolheu o apóstolo Pedro como exemplo deste temperamento.

Bem, então Pedro e eu temos nossas semelhanças. Afinal, sei como é ser impulsivo, muitas vezes fazendo algo somente para se arrepender no minuto seguinte. Às vezes, se voluntariando pra ir até às últimas consequências na defesa de uma causa nobre, para então olhar em volta somente para constatar que entrei nessa sozinho. E às vezes, ofender alguém, simplesmente por estar no "piloto automático" do calor da discussão, para em seguida perceber a gravidade da besteira cometida. Quase sempre, é tarde demais para remediar.

Esse é um bom início de conversa para que, nos textos que publicarei a seguir, poder falar um  pouco sobre as experiências de alguém que se auto reconheceu como um sanguíneo incorrigível.
Tudo de bem!